segunda-feira, 6 de julho de 2009

Oriente Vs Ocidente?

Para discutirmos as ações terroristas, precisamos, primeiro, conceituar o que é o terrorismo. São muitas as conceituações feitas por órgão, agências e Estados acerca do que é o terrorismo, mas em nossa análise utilizaremos as definições de Bruce Hoffman (1998), o qual diz que “O terrorismo, no mais amplamente aceito uso contemporâneo do termo, é fundamental e inerentemente político. E está vinculado de forma inextricável ao poder: a busca, a conquista e o uso do poder para conseguir mudança política. O terrorismo é, assim –ou, igualmente importante, ameaça de violência-, pensada e direcionada na perseguição de objetivo político ou a seu serviço”1. É a “Criação deliberada e exploração do medo por intermédio da violência ou da ameaça de sua utilização na busca de mudança política. Todos os atos terroristas envolvem violência ou sua ameaça. O terrorismo é especificamente projetado para causar repercussões bem maiores que as da vitima ou alvo imediato do ataque terrorista. Pretende instilar o medo e, por via de conseqüência, intimidar um “público alvo” mais amplo, que pode incluir um rival étnico ou grupo religioso, todo um país, um governo nacional ou partido político, ou a opinião pública em geral. O terrorismo é arquitetado para criar poder onde não existe nenhum, ou para consolidá-lo onde ele é pequeno. Com a publicidade gerada pela violência, os terroristas buscam obter a alavancagem, a influência e o poder de que carecem para efetivar mudança política, seja em escala local seja em internacional.”2
O FBI, o Departamento de Defesa dos EUA, o Departamento de Estados dos EUA e o Governo do Reino Unido compartilham de uma idéia comum quando conceituam o que é o terrorismo. Todos estes órgãos também vêem que o terrorismo age com objetivos políticos.
Então estamos tratando aqui deste terrorismo “conceituado” acima, terrorismo contemporâneo, o qual ataca pessoas previamente consideradas inocentes, para gerar pressão política. Estas ações indiretas criam atmosfera pública de ansiedade e minam a confiança no governo; a imprevisibilidade e o esmo aparente que os caracterizam tornam virtualmente impossível para o governo a proteção de todas as vitimas potenciais. Desta forma o povo reivindica uma segurança que o governo não pode proporcionar. Frustradas e temerosas, as pessoas demandam que o governo faça concessão para dar um fim aos ataques.
Por fim vale reforçar aqui que o terrorismo não leva em consideração “quem”, o que mais importa é “onde”, “como” e “o quê”. As Ações serão todas violentas ou de ameaça a violência, causarão repercussões psicológicas que transcendam a vitima ou o alvo imediato, serão sempre conduzidas por uma organização com cadeia de comando ou estrutura celular conspiradora identificável (cujos membros não usam uniformes ou distintivos de identificação) e perpetrados por um grupo subnacional ou entidade não-estatal.
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Os três grupos mais conhecidos são Al-Queada, Hamas e Hezbolla. O pesquisador Krueger fez uma analise das caracteristicas politicas e sócio-ecônomicas dos países de origem dos países que são alvos do terror e constatou que a maioria dos ataques terroristas, por volta de 88%, ocorre de maneira local, isto é, o alvo encontra-se no mesmo país que o atacante, apesar de os alvos frequentemente serem de proprietários estrangeiros e na maioria das vezes, há uma diferença na religião das vítimas e alvo (62%). Em sua análise, Krueger, também comprova que PIB per capita, crescimento economico e taxa de alfabetização não possuem relações diretas com o terrorismo, logo contata-se que os terroristas não originam de países pobres.
Krueger comparttilha de idéias semelhantes a outros pesquisadores, “No religion has a monopoly of terrorism”. Para ele quando ocorre uma ocupação militar os países interventores parecem ser levemente mais suscetiveis a serem alvos de ataques terroristas, enquanto que países ocupados têm maiores chances de serem perpetuadores do terrorismo, mas esse efeito não é estatisticamente determinante.
Com esta afirmação, bem como com com as noticias que lemos todos os dias nos jornais, podemos perceber que ao contrário do discurso corrente, o terrorismo possui relações diretas, sobretudo, com formas de ações politicas.
O diretor palestino Hany Abu-Assad também nos revela as motivações dos terroristas no filme “Paradise now”, filme que mostra a vida de dois jovens que tinham dado seus nomes para a organização terrorista e chegou o momento da pratica.
O filme mostra as motivações que levam os indivíduos a candidatarem-se à ações suicidas, mostra os indivíduos como guiados por interesses políticos, conscientes do que estão fazendo. Em momento algum são corrompidos para a pratica de tal ato.
O terrorista não persegue objetivos puramente egoístas. O terrorista é fundamentalmente um altruísta: acredita que serve a uma “boa” causa, concebida para chegar a um bem maior para uma comunidade mais ampla – quer real quer imaginaria – que o terrorista ou a organização supõe representar. Assim como mostra no filme o dialago entre Said e o “líder” da organização, momento em que o líder questiona a capacidade de Said em cometer o ato suicida, devido o mesmo ter sumido durante a primeira tentativa doa “ação terrorista”. Neste momento Said responde que esta ação é a única forma dele responder aos israelitas de igual para igual , ele ainda relembra o passado de seu pai que foi um colaborador executado por traição a Palestina e diz que Israel utilzou-se do desespero e da fraqueza de seu pai e por isso ele quer praticar o ato, para responder a Israel da forma que eles merecem. Nesta cena, o que o autor tenta expressar é a motivação que rege Said, ou seja, Said não esta sendo motivados por questões religiosas, economicas ou altruistas, o que Said quer é responder a Israel sua revolta pela ocupação e a forma com que utilizam a “fraqueza” de alguns palestinos, quando corrompem eles, como fizeram com seu pai.
No caso de Israel e Palestina, o que ocorre é que o grupo Hamas (Movimento de Resistência Islâmica) possui ressentimentos concretos contra Israel devido a ocupação e por isso criaram um movimento social para dar resposta a essas reclamações e conseguirem um Estado separado; neste caso o terrorismo é um recurso do Hamas, uma vez que não possuem outros meios para obterem seus objetivos.
Sobre o Hezbollah, Robert Pape analisou minuciosamente as biografias e testemunhos de familiares de 38 dos 41 terroristas suicidas do grupo responsáveis por todos os ataques suicidas empreendidos entre 1982 e 1986. Observou, para surpresa de muitos, que, desses, apenas oito eram fundamentalistas islâmicos; 27 eram membros de grupos políticos de esquerda e três eram cristãos. Todos eram libaneses r o que os unia não era sua identidade religiosa ou política, mas o compromisso de resistência a ocupação estrangeira.
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Dados estatisticos e análises mais aprofundadas têm mostrato que o terrorismo é uma forma de resistência de grupos, geralmente desfavorecidos belicamente, que lutam para garantir suas terras, cultura e nação. O terrorismo pode ser entendido com uma guerra assimetrica onde não tem regras estabelecidas e os meios de ambos os lados são desiguais, logo o uso da violência e principalmente do corpo como arma são comuns e aceitaveis. “Os altos custos da guerra convencional e as preocupações com a escala da não-convencional, bem como o risco da derrota e a relutância em posar como agressor, transformaram o terrorismo em arma eficiente, vantajosa e geralmente discreta para a consecução dos interesses do Estado no dominio internacional”(WHITTAKER, David)
Por fim, a questão do terrorismo não pode ser explicado somente através da religião, pois os argumentos religiosos não suportam a complexidade do tema, a questão do terrorismo deve ser vista como uma guerra entre desiguais e com interesses proprios dependento do grupo de que estamos falando.

1 WHITTAKER, DAVID (2005), Terrorismo. Um retrato, Rio de Janeiro. Biblioteca do Exercito Editora
2 Hoffman, Bruce, Inside Terrorism, p.41-2, 43-4.
3 WHITTAKER, DAVID (2005), Terrorismo. Um retrato, Rio de Janeiro. Biblioteca do Exercito Editora.
4 NASSER, Reginaldo.M. Humanismo e Teror. Radar Internacional, 2007.

Quase

Ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez, e a desilusão de um quase.É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.Quem quase ganhou ainda joga,quem quase passou ainda estuda,quem quase morreu está vivo,quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto.A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.